quinta-feira, 21 de julho de 2011

Kinkan


   Numa tarde bem chuvosa, mordiscar laranjinhas direto do pé...


Aí vão as laranjas
como eu me ofereci ao álcool
para me anestesiar
e me entreguei às religiões
para me insensibilizar
e me atordoei para viver.

Tudo tenho dado.
Até mesmo a minha dor
e a poesia dos meus seios nus
entreguei-as aos poetas.

Agora vendo-me eu própria.
- Compra laranjas
minha senhora!
Leva-me para as quitandas da Vida
o meu preço é único:
- sangue.
Talvez vendendo-me
eu me possua.

- Compra laranjas!

                                                                                Quitandeira - Agostinho Neto

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